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De Londrina para Tóquio: a trajetória de Bianca Matos Ferreira no universo japonês

26 MAIO 2025 | Texto: EMILIA MIYAZAKI | Foto: FABIO ALCOVER

De Londrina para Tóquio: a trajetória de Bianca Matos Ferreira no universo japonês

Brasileira de 29 anos transformou sua paixão pela cultura japonesa em carreira
internacional na animação 3D

Quando pequena, Bianca Matos Ferreira se encantou com a música de
encerramento de um anime. Hoje, aos 29 anos, ela é uma animadora 3D em
uma das mais renomadas empresas de animação de Tóquio. Entre esses dois
momentos, existe uma história de dedicação, perseverança e profundo amor
pela cultura japonesa.

Nascida e criada em São Paulo, capital, Bianca teve seu primeiro contato com
a cultura japonesa ainda na infância. "Quando eu era pequena assistia um
anime chamado Inuyasha e quando ouvi a música do encerramento pela
primeira vez em japonês me apaixonei pelo idioma", relembra. Os passeios
com o pai à Liberdade para comer sushi, quando tinha aproximadamente 7
anos, reforçaram essa conexão inicial.

A curiosidade a levou a começar a estudar japonês sozinha pela internet, mas
foi a mudança para Londrina, em 2009, que marcou o início de uma imersão
mais profunda na cultura.

Em Londrina, Bianca encontrou o ambiente perfeito para desenvolver sua
paixão. Começou aulas formais de japonês no Núcleo de Estudos de Cultura
Japonesa (NECJ) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e se integrou
ao grupo cultural Sansey.

"Comecei fazendo aulas de karaoke, participei de concursos... depois entrei na
banda do Matsuri Dance", conta ela. Enquanto cursava Design Gráfico na UEL,
onde posteriormente se especializou em design digital, Bianca se envolveu
profundamente com a comunidade japonesa local. "Nessa época eu estava
100% integrada e dedicada a atividades da comunidade nikkei de Londrina e
90% dos meus amigos eram descendentes de japonês", revela.

O primeiro voo: intercâmbio em Okinawa
Em 2014, aos 18 anos, Bianca conquistou sua primeira experiência no Japão:
uma bolsa de estudos para Okinawa, na Meio University em Nago. Ao retornar
para Londrina em 2015, ela intensificou ainda mais sua conexão cultural, no
Grupo Sansey e no grupo Ryukyu Koku Matsuri Daiko da Associação Cultural e
Recreativa de Londrina (ACROL).

A grande oportunidade: bolsa MEXT e a carreira no Japão
O ano de 2019 foi um divisor de águas na vida de Bianca. Através da
prestigiada bolsa MEXT, oferecida pelo governo japonês, ela retornou ao país
para estudar algo que sempre desejou: animação 3D. Após um ano de estudos
de japonês em Osaka, passou dois anos no Kobe Institute of Computing,
especializando-se em animação 3D e computação gráfica.
"A princípio tinha planos de voltar após o intercâmbio, mas consegui trabalho
por lá, onde me encontro até hoje", conta Bianca, que desde 2022 trabalha na
Orange, empresa de animação de grande prestígio em Tóquio.

De fã a profissional da animação
Em apenas três anos na indústria, Bianca construiu um portfólio
impressionante. Como animadora de expressões faciais, já trabalhou em
grandes produções: "TRIGUN STAMPEDE, BEASTARS final season parte 1,
IDOLiSH7 Movie: LIVE 4bit - BEYOND THE PERiOD, LEVIATHAN,
BEASTARS final season parte 2 e TRIGUN STARGAZE", enumera com
orgulho.

A empresa onde trabalha produz séries de anime para a TV japonesa, cinema
e grandes obras para a Netflix, colocando Bianca no centro da indústria que
primeiro despertou sua paixão pela cultura japonesa.

Entre dois mundos
Aos 29 anos, Bianca encontrou um equilíbrio entre suas raízes brasileiras e sua
paixão pela cultura japonesa. "Hoje eu olho pra todas as minhas conquistas e
tento ser mais gentil comigo mesma e não me cobro tanto para ser uma
'japonesa perfeita'", reflete. "Valorizo minhas raízes e tenho orgulho de trazê-
las tanto no meu sotaque como no modo como vivo no Japão e trato as
pessoas ao meu redor."

De menina fascinada por um anime a profissional reconhecida na indústria de
animação japonesa, a trajetória de Bianca Matos Ferreira é um testemunho de
como a paixão pela cultura de outro país pode abrir portas para uma carreira
internacional de sucesso, sem que seja necessário abrir mão de suas origens.

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